de goela abaixo







Não venha me falar em carnaval que eu voo pra cima. Com tudo. Feito ninja. Chute na cara e no ar. Pior que Ana Cristina Cesar em poema indireto. Falo sério. Estou má. Perversa de coice a coice. Égua super esperta das margens plácidas de um país remoto que não alegra ninguém. Mas vejo gente feliz e me irrito, digo ao terapeuta. Se estão felizes e não estou, deve haver algo errado comigo. Ou não? Terapeuta não responde pergunta. Só acena. E com a cabeça voltada pro relógio que a hora custa caro. Tô doida. Sai da frente. Como a mulher que fura a fila na hora da eucaristia. Quem já viu? Talvez seja pecado. Pressa de receber Cristo eu nunca vi! Ou talvez tenha visto e tenha deixado passar despercebido. Atravesso a mesma rua diversas vezes para decorar o andar que me deixa diva, fula, alguém. De passo em passo, me aprumo. E conto, nada passional, o segredo do homem que dorme em muitas camas, mas que não tem coragem de amar ninguém. De goela abaixo, lá vem. 







Comentários

Erica de Paula disse…
Sou eu, essa aí?
Texto perfeito!
Luis Eme disse…
Não gosto que fiques má, Letícia.

Nunca pensaste marcar férias e zarpar para outros carnavais?
O terapeuta as vezes é esse espelho que não queremos ver tão de perto para não se assustar.

Beijos
Liana disse…
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Liana disse…
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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