invasora de domicílios
Enquanto tantos escrevem poemas, a chuva cai sobre minha cabeça. Chuva leve, eu devo dizer. E ainda há esta ausência de coisas que ocupa imenso lugar. Não descobri do que sinto falta. Mas sinto. E sentir é tudo. Ou não. Talvez viver seja tudo. Do fio, a meada. Não procuro razões para que meus dias estalem perfeitos em minha boca. Espero, apenas, que sejam bons e harmoniosos e que me surja alimento para que eu não padeça de fome. Mas não falo da fome que sente a lagartixa que abre sua minúscula mandíbula para engolir insetos. Eu falo de uma fome maior que sequer sei nomear. Só percebo que estou alimentada quando a fome passa. Por isto eu leio. Leio aos bandos. E, quando termino um livro, invado outro. Não me digo devoradora de livros. Eu prefiro dizer que sou invasora de domicílios. Pois, para mim, cada livro é casa. Casa de vidas, de anos, de tempos. Eu leio para viver mais. Dia desses, ao caminhar por entre as estantes de uma livraria, percebi que eu não buscava livros. Eu buscava mais vida para meus dias que são até bacanas. Porém, por nossa vivência ser um tanto limitada, meus dias seguem um enredo de um cotidiano que é cansativo, às vezes. Logo, ler é a minha saída para me expandir. Há quem faça ioga, corra na praia, escale montanhas. E há quem leia livros. Livros que não são enfeites. Livros que não servem somente para que sejam exibidos em fotos. Livros que são escritos para que sejam lidos. Não sou traça, mas digo: meu alimento é livro. E felizes daqueles que comungam desta ceia. Não há mesa mais farta do que uma estante cheia.
Comentários
digamos que agora apenas tomo livros à ceia.:)
Beijo!
é e por aqui o caminho